terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Aplaudir ou não aplaudir, eis a questão...


Ao final da primeira semana do Festival, ouvi na rádio Jaraguá AM uma entrevista da assessoria de imprensa da SCAR/FEMUSC. Até hoje não entendi exatamente qual é o grau de envolvimento da SCAR com o FEMUSC, se apenas aluga o prédio, ou se o aluguel é um pacote com prédio, funcionários, ex-funcionários, indicados e quem estiver por perto.

Ao longo da entrevista a assessoria comentava que os professores do Festival elogiaram o comportamento do público. Que fazia silêncio durante as apresentações e que sabiam aplaudir na hora certa.

Pra quem nunca assistiu um concerto sinfônico e ouviu a entrevista, provavelmente não vai assistir. Se for, vai entrar no teatro com medo de passar vergonha. Ao final da entrevista o tema ficou com um ar de etiqueta, algo que me fez lembrar Glória Kalil e seus comentários inúteis, do tipo: É deselegante você receber um e-mail e não responder em no máximo 24 horas.

O “povo” de Jaraguá do Sul aprendeu a se comportar dentro de um teatro durante um concerto do FEMUSC. Seria a entrevista resumida numa frase.

Assistindo um dos vídeos do Festival desse ano, já na segunda semana vi um professor pedindo para o público ficar quieto. Vou compartilhar com vocês. 5:56 para ser exato.


Uma vez durante um concerto com a Orquestra Sinfônica do Paraná, na passagem de um movimento da Suíte Scheherazade de Korsakov o público começou a aplaudir. Eu como músico fiquei surpreendido.

Era um concerto de comemoração dos 25 anos da Orquestra no Teatro Guaíra e uma obra padrão para o público e orquestra, ali no palco pensei: Poxa essa orquestra existe há 25 anos com centenas de apresentações nesse teatro e o pessoal não sabe a hora de aplaudir.

Fiquei um tempo refletindo a respeito disso e cheguei a uma conclusão: Se não fosse bonito o público não aplaudia. Começar a gritar no meio da música, assobiar isso sim é um pouco estranho, agora aplaudir seria a forma mais modesta do público demonstrar o seu entusiasmo e sintonia com a obra.

Imaginem depois de um solo, uma cadência ou passagem difícil de um trecho musical se o público vibrasse da mesma maneira que uma torcida de futebol vibra com um gol. Os críticos torceriam o nariz, mas a maioria dos músicos iria curtir a ideia. É uma forma de demonstrar aceitação.

Quero deixar claro que em nenhum momento ao longo da minha vida e dos textos que coloco no blog eu estou questionando os artistas (professores) do FEMUSC. Os currículos deles falam por si.

Antes do encerramento do festival vejo uma matéria no jornal da RBS dizendo que todos os professores do FEMUSC vieram dar aula gratuitamente. Imaginem se eles resolvessem cobrar cachê. 2,4 milhões de reais não daria nem para o começo.

Ano que vem vão falar que os professores pagam para tocar, e que todo o staff técnico do Festival é trabalho voluntário...

O orçamento vai estar perto dos 3 milhões e as inscrições em 450 reais por aluno. Mas todo o mundo da música está ali por amor.

Esse tipo de mídia é que me preocupa.

O Aldo Rebelo, ministro dos esportes disse que para a Copa do Mundo/Olimpíadas espera 1 milhão de voluntários para trabalharem durante o evento. No momento da seleção terão vantagem quem falar inglês e espanhol fluentemente e já ter trabalhado como voluntário em outros eventos.

Voluntário virou profissão?

O pior é que vai ter gente que vai participar e se sentir o máximo. Gastaram bilhões para trazer esses eventos para o Brasil, daí na hora de repassar um pouco desse dinheiro para o povo vem com esse papo de voluntariado.

É tipo tocar sem cachê na abertura do FEMUSC.

O tempo que eu invisto tanto na música, como para aprender inglês e espanhol, para o governo ou esse pessoal que tá a frente disso (FIFA e COI), simplesmente não vale nada!

Deixem o Brasil sem os poderes executivo e legislativo.

Agora deixem as cidades sem o serviço de coleta de lixo, sem limpeza e manutenção. Qual dos dois, quando voltasse, você ficaria mais feliz? Ou melhor, qual dos dois quando voltasse você perceberia?

Presidente, senadores, deputados, governadores, prefeitos e vereadores são luxos desnecessários. Os aplausos dessa gente não é de aprovação é de indiferença mesmo.

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