terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cultura x decepção, por Darling Quadros*

Ao chegarmos ao fim de mais um mandato na gestão municipal, se faz necessário pontuar algumas questões para reflexão. Grande foi a expectativa em torno da atual gestão, e maior ainda a decepção. Decepção provocada quando os cargos, que deveriam ser ocupados por técnicos bem formados, foram entregues a amigos, que pouco ou nada fizeram pela cultura.

Neste sentido, gostaria de citar uma fala do ex-secretário nacional de Cultura, Ipojuca Pontes. Ao analisar o momento pelo qual passa a gestão cultural no Brasil, ele afirma: “Em vez da criatividade genuína, voltada para a difusão de valores universais e permanentes, institucionalizou-se no País a indústria do ativismo cultural, centrada na substituição da obra de arte pela febre do evento ‘político-cultural-mediático’, de cuja manipulação dependem liberações de verbas públicas, a sustentação do clientelismo da ‘casta de serviço’ e a expansão da nomenclatura cultural dentro do aparelho do Estado”.

Ao fazer esta afirmação, Ipojuca corrobora a tese de que na gestão publica, em especial na área cultural, prevalecem escolhas motivadas por simpatias ou por indicação pessoal. Este tipo de escolha deixa um legado de desestruturação da área cultural e também cria vícios comportamentais que se mesclam à gestão que esta iniciando, perpetuando práticas poucas recomendáveis. Como profissional da área da dança, com vasta experiência em projetos culturais e formação no exterior, o que mais me chama atenção é a total falta de qualificação dos ocupantes de cargos comissionados.

Temos que avançar na área da cultura com destaque para a recuperação da nossa Casa da Cultura, com suas três escolas, pioneira em Santa Catarina, com mais de 40 anos de existência. Devemos ter em mente que a qualificação técnica pressupõe o conhecimento das instâncias administrativos-burocráticas e deve ser permeada pela memória dos distintos órgãos.

Esperamos que a nova gestão traga técnicos especializados que, a despeito de serem ou não dos partidos que integram a coligação, sejam profissionais comprometidos com os destinos culturais da cidade. Destinos estes que merecem ser recuperados e retomados a bem de toda a sociedade.

Original



* Produtor cultural em Joinville.

O Plano Municipal de Cultura, citado na postagem da semana passada será votado hoje na Câmara de Vereadores, segue a notícia:

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pérolas do Conselho Municipal de Cultura 2008


Continuando a série pérolas culturais vou colocar trechos interessantes das atas disponíveis no site do Conselho Municipal de Cultura de Jaraguá.

No espaço destinado as atas daquele ano encontram-se apenas 5, quando deveria haver no mínimo 9 ou 10.

Reunião realizada no dia 15 de abril de 2008.


Meu comentário: Esse ano foi lançado dois editais pelo Fundo Municipal de Cultura e era ano eleitoral. Aliás, a maioria dos projetos aprovados teve uma divulgação pífia.  Já o governo estadual, mesmo se tratando de eleições municipais não lançou nenhum. Foi o que ocorreu com o Prêmio Elisabete Anderle que ficou para 2013.


A iniciativa privada tem que resolver tudo? Pra quê que existe conselhos e prefeitura então?


Meu comentário: No dia 17 de março de 2012 foi votado o plano municipal de cultura e no dia 12 de setembro foi entregue ao poder executivo.


Que agilidade hein... 4 anos e meio para criar um plano. Agora só falta a câmara de vereadores aprovar, se é que já não foi aprovado.


Reunião de 27 de maio de 2008.



Meu comentário: Esse negócio de criar a lei depois que o recurso está disponível é bem coisa de brasileiro. Tipo criar projetos só porque há recurso disponível. Itajaí? Quer dizer que lá não precisa ter comprovante de residência dos 3 anos anteriores ao lançamento do edital?Teve um pessoal que veio para Jaraguá depois que os editais foram lançados e usaram artistas daqui para poderem participar. A lei não impede isso. É o famoso “jeitinho brasileiro”!

Não vejo lógica num Fundo Municipal de Cultura aprovar projeto de cidadão jaraguaense que contrata artista de outra cidade para se apresentar aqui. O Fundo não é para valorizar a cultura local?



Meu comentário: Quer dizer que eu crio uma associação cultural sem fins lucrativos e a Fundação Cultural tem de fazer o levantamento de dados da minha associação? Tem muita associação em Jaraguá do Sul que a FC nem sabe que existe. Não fiscalizam nem os projetos que eles patrocinam imagina correr atrás de presidentes de associações para entrevista de levantamento de dados.

Muitas associações só existem no papel, sem uma sede, raramente com atividades.

E se o tal do cadastro cultural funcionasse? Quanto tempo teríamos ganho!  Aquela era a hora do famoso “mapeamento cultural”.



Reunião do dia 16 de setembro de 2008.



Meu comentário: Conselheiro chamando mais de 70 entidades de burras por tabela. O famoso analfabetismo funcional. É que é assim, sem recurso o pessoal não quer saber de responder, agora põe um edital exigindo o preenchimento desse cadastro pra ver se todas as entidades não vão responder e participar encaminhando um ou dois projetos.




Meu comentário: Tá aí um forte candidato para o prêmio Simpatia Cultural. Participei de uma reunião do conselho (08.12.11) e do I Fórum de política cultural de Jaraguá do Sul (17.03.12) com a presença do referido “conselheiro”. Não recomendo a ninguém.

Debater não é apenas uma pessoa falar e praticamente obrigá-las a concordar com tudo.

Qualquer dúvida em relação ao conteúdo das atas ou quem quiser lê-las na íntegra segue o link: