Ao final da primeira
semana do Festival, ouvi na rádio Jaraguá AM uma entrevista da assessoria de
imprensa da SCAR/FEMUSC. Até hoje não entendi exatamente qual é o grau de
envolvimento da SCAR com o FEMUSC, se apenas aluga o prédio, ou se o aluguel é
um pacote com prédio, funcionários, ex-funcionários, indicados e quem estiver
por perto.
Ao longo da entrevista
a assessoria comentava que os professores do Festival elogiaram o comportamento
do público. Que fazia silêncio durante as apresentações e que sabiam aplaudir
na hora certa.
Pra quem nunca assistiu
um concerto sinfônico e ouviu a entrevista, provavelmente não vai assistir. Se
for, vai entrar no teatro com medo de passar vergonha. Ao final da entrevista o
tema ficou com um ar de etiqueta, algo que me fez lembrar Glória Kalil e seus
comentários inúteis, do tipo: É deselegante você receber um e-mail e não
responder em no máximo 24 horas.
O “povo” de Jaraguá do
Sul aprendeu a se comportar dentro de um teatro durante um concerto do FEMUSC.
Seria a entrevista resumida numa frase.
Assistindo um dos
vídeos do Festival desse ano, já na segunda semana vi um professor pedindo para
o público ficar quieto. Vou compartilhar com vocês. 5:56 para ser exato.
Uma vez durante um
concerto com a Orquestra Sinfônica do Paraná, na passagem de um movimento da
Suíte Scheherazade de Korsakov o público começou a aplaudir. Eu como músico fiquei
surpreendido.
Era um concerto de
comemoração dos 25 anos da Orquestra no Teatro Guaíra e uma obra padrão para o
público e orquestra, ali no palco pensei: Poxa essa orquestra existe há 25 anos
com centenas de apresentações nesse teatro e o pessoal não sabe a hora de
aplaudir.
Fiquei um tempo
refletindo a respeito disso e cheguei a uma conclusão: Se não fosse bonito o
público não aplaudia. Começar a gritar no meio da música, assobiar isso sim é
um pouco estranho, agora aplaudir seria a forma mais modesta do público
demonstrar o seu entusiasmo e sintonia com a obra.
Imaginem depois de um
solo, uma cadência ou passagem difícil de um trecho musical se o público
vibrasse da mesma maneira que uma torcida de futebol vibra com um gol. Os
críticos torceriam o nariz, mas a maioria dos músicos iria curtir a ideia. É
uma forma de demonstrar aceitação.
Quero deixar claro que
em nenhum momento ao longo da minha vida e dos textos que coloco no blog eu
estou questionando os artistas (professores) do FEMUSC. Os currículos deles
falam por si.
Antes do encerramento
do festival vejo uma matéria no jornal da RBS dizendo que todos os professores
do FEMUSC vieram dar aula gratuitamente. Imaginem se eles resolvessem cobrar
cachê. 2,4 milhões de reais não daria nem para o começo.
Ano que vem vão falar
que os professores pagam para tocar, e que todo o staff técnico do Festival é
trabalho voluntário...
O orçamento vai estar
perto dos 3 milhões e as inscrições em 450 reais por aluno. Mas todo o mundo da
música está ali por amor.
Esse tipo de mídia é
que me preocupa.
O Aldo Rebelo, ministro
dos esportes disse que para a Copa do Mundo/Olimpíadas espera 1 milhão de
voluntários para trabalharem durante o evento. No momento da seleção terão
vantagem quem falar inglês e espanhol fluentemente e já ter trabalhado como
voluntário em outros eventos.
Voluntário virou
profissão?
O pior é que vai ter
gente que vai participar e se sentir o máximo. Gastaram bilhões para trazer
esses eventos para o Brasil, daí na hora de repassar um pouco desse dinheiro
para o povo vem com esse papo de voluntariado.
É tipo tocar sem cachê
na abertura do FEMUSC.
O tempo que eu invisto
tanto na música, como para aprender inglês e espanhol, para o governo ou esse
pessoal que tá a frente disso (FIFA e COI), simplesmente não vale nada!
Deixem o Brasil sem os
poderes executivo e legislativo.
Agora deixem as cidades
sem o serviço de coleta de lixo, sem limpeza e manutenção. Qual dos dois,
quando voltasse, você ficaria mais feliz? Ou melhor, qual dos dois quando
voltasse você perceberia?
Presidente, senadores,
deputados, governadores, prefeitos e vereadores são luxos desnecessários. Os
aplausos dessa gente não é de aprovação é de indiferença mesmo.
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