segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Debate no CPL (02.08.2012)


É um pouco tarde para comentar, mas algumas das propostas apresentadas nesse debate não podem passar despercebidas.

Desde o começo era notável a falta de preparação dos dois candidatos presentes.

Entendo a ausência de um candidato, acho que não queria ter algum vídeo seu no Youtube assassinando a língua portuguesa ou demonstrando a sua incapacidade de se comunicar.

Desde que assumiu a prefeitura a RBS não consegue gravar uma entrevista com a nossa atual prefeita. É natural que não participasse de um simples debate.

Quanto aos dois candidatos presentes acho que perderam mais do que ganharam. Foram quase 2 horas de perguntas, algumas mal redigidas e respostas sem conhecimento do assunto.

Candidato falando em primeira pessoa do singular, como se o partido fosse ele. Um clima de cordialidade que beirava a hipocrisia.

Candidato com vários processos na justiça e exaltando projetos que estão sendo investigados pelo Ministério Público.

Debatedor tratando o uso de drogas como problema de segurança pública quando se trata de problema de saúde pública. Enfim, gente que queria aparecer mais que os candidatos, colocando textos antes das perguntas para demonstrar que sabe tudo do assunto só que muitas vezes o texto nada tinha a ver com a pergunta.

Aquela velha história do senhor que espera uma consulta há 2 anos, das pessoas que apanham chuva nos pontos de ônibus, dos drogados perambulando pelo terminal urbano, etc.

Como acabar com os drogados? Um fala em criar casas de tratamento, na tal da parceria público-privada. Sem noção. Numa sociedade que não gera emprego com o argumento que não existe mão-de-obra qualificada, como se as pessoas nascessem para ser pedreiro, cobrador de ônibus, garçom, almoxarife, porteiro e por aí vai, acho difícil algum empresário se interessar em financiar algum projeto de casa de desintoxicação.

Interessante foi a proposta do outro candidato para o mesmo problema: investir em cursos técnicos profissionalizantes. Em Jaraguá acontece o FEMUSC e recém terminou os jogos olímpicos, sendo o próximo no Brasil e o cara vem falar em oferecer cursos técnicos para drogados?

Cultura e esporte além de exercitarem o corpo e a mente distraem não só quem pratica como quem assiste ou prestigia. Poder oferecer arte e a prática esportiva com qualidade exige baixo investimento, comparado com um curso técnico profissionalizante.

Mas o que podemos dizer de uma cidade que constrói uma pista de atletismo sem vestiários e sem energia elétrica e um abatedouro, onde apenas depois de pronto foi verificado que a obra não atende os padrões estabelecidos pela Lei? Se fosse em Portugal já tinha virado piada.

É normal numa cidade de cultura alemã pensar que todos os erros ou desvios de condutas se corrigem apenas com o trabalho, quando na verdade é dele que os deliquentes fogem.

Não que a arte possa subsidiar a vida de quem dela aprecia, em alguns casos sim, mas são poucos. Ela ajuda a entender a complexidade das pessoas que nos rodeiam.

Lembro do 1° Seminário de política cultural de Jaraguá do Sul http://www.ederw.blogspot.com.br/2012/03/1-seminario-de-politica-cultural-de.html num dado momento eu sugeri como uma meta a longo prazo a criação de um Conservatório Municipal de Música, algo semelhante ao de Tatuí em São Paulo que hoje é o maior da América Latina, não em espaço físico mas em quantidade de alunos.

Daí teve um “sapo barbudo” que além de me tratar como se eu fosse um maconheiro falou que era uma ideia absurda, que seria um “gasto” muito alto contratar professores para todos os instrumentos musicais e ter estrutura para isso.

É complicado discutir cultura com gente que prefere a cultura do improviso. Improvisar uma casa de cultura, improvisar política cultural, improvisar editais de cultura, improvisar secretarias de cultura, improvisar professor de música, de arte...

Então invistam em casas para drogados, casas de desintoxicação, presídios, quem sabe trazer uma filial da Fundação Casa para Jaraguá do Sul, ou sei lá o quê.

Voltando ao debate, uma hora um candidato falou em construir pistas de skate. Não é que o outro começou a falar também? Como se não tivesse uma em Jaraguá, abandonada ao lado do também abandonado Ginásio Arthur Müller.

Bobagens como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) foram outros absurdos discutidos. Joinville, Florianópolis, nem Curitiba têm, mas Jaraguá quer ter. Logo numa cidade em que andar de ônibus é o símbolo da decadência social. Os candidatos acreditam que o VLT vai mudar isso. Um sugeriu até estações para o usuário guardar a sua bicicleta para embarcar no VLT. Em 4 anos? Quanta bobagem!

Na última parte do debate, quando foi aberto para o sorteio de duas perguntas elaboradas pelo público presente, foi sorteado um texto que no final tinha uma pergunta a respeito da atitude que o candidato, se eleito, tivesse caso um médico (servidor público) faltasse ao serviço.

O cara tinha 3 minutos para responder, enrolou dois minutos e meio para no final dizer que vai aplicar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) num servidor público. O pior é que além de ser candidato ele também é eleitor.

Respeito o candidato que não vai a debates por não ter conhecimento ou por não saber se expressar mesmo, pelo menos ele evita falar bobagens e perder mais votos.

Vou anular o meu voto, não porque eu acho que vão ser feitas novas eleições com outros candidatos caso mais da metade dos votos sejam nulos. Eleição não exige maioria absoluta dos eleitores. Mais uma lenda da internet caindo por terra.

Vou anular simplesmente porque se fosse eu quem respondesse essas perguntas da maneira como foram respondidas, numa situação de entrevista para emprego, certamente seria eliminado da disputa.

As propostas para a área cultural já foram examinadas nessa postagem http://www.ederw.blogspot.com.br/2012/08/propostas-eleitorais-para-2013-2016.html

E o mais óbvio, se todos os candidatos fossem mal na entrevista dificilmente alguém ficaria com a vaga. Piedade e caridade nem sempre são feitas com seriedade.

Tem aquela história de votar num para o outro não ganhar. Na boa, tanto com cargo público ou privado, pra mim isso não funciona.

Dizem que há emprego, mas não há mão-de-obra qualificada. Para os cargos de prefeito e vereadores em Jaraguá do Sul no momento acontece a mesma situação, temos candidatos e quase nenhum está qualificado para ocupar as vagas.