terça-feira, 30 de outubro de 2012

Músico x Professor de música

Duas profissões que atualmente são difíceis de fazer uma distinção. São poucos os músicos que se dão ao luxo de não dar aulas, viver apenas de performance. Assim como músicos que saibam dar aulas.

Alguns músicos se tornam professores por falta de opção mesmo.

Muitos professores tocam como alunos, assim como muitos alunos tocam como professores.

Eu que durante o meu bacharelado era obrigado a cantar e reger coral, tocar em orquestra e estudar uma infinidade de instrumentos de percussão durante quatro anos, dia e noite, teoricamente não estou habilitado para ser professor de música por que sou apenas um bacharel.

Agora sou obrigado a aceitar que cursinhos de 12 meses, com aulas presenciais quinzenais, formem professores com conhecimento em solfejo, ritmo, regência coral, banda rítmica e um termo que me deixou muito preocupado: percussão corporal e instrumental.

É até certo ponto arrogante pensar que em alguns meses vai se formar um professor de percussão corporal e instrumental. Por mais que seja um pedagogo com anos de experiência, na prática vai faltar a vivência da música. E, na boa, os alunos não perdoam. Falo por experiência própria.

As escolas, tanto municipais quanto estaduais, não possuem estrutura suficiente para oferecer uma aula de educação física decente. Em dias de chuva não ocorre atividades. As poucas escolas que possuem um ginásio estão com o mesmo caindo aos pedaços.

Há universidades federais que oferecem curso de música e até mestrado, sem possuírem uma estrutura para o mesmo.

Se com a Educação Física, que é uma disciplina que está há décadas no currículo escolar acontece isso, imaginem o que vai acontecer com a música.

Geralmente quem quer aprender música quer também tocar um instrumento, do contrário vai ser uma disciplina semelhante à Química numa escola sem um laboratório específico.

No começo dos anos 2000 o curso de Artes com habilitação em música se tornou febre nos editais para concurso público. Os salários na maioria das vezes não são muito atraentes. Quanto será o salário para o técnico de música?

Acredito que nos próximos editais que eu encontrar vai aparecer o termo Habilitação em música como pré-requisito para ingresso em concurso público e com um salário menor que um professor com licenciatura.

No fim, na hora do desespero, os tocadores de músicas de 3 acordes (filhos do Cifra Club e do Youtube) vão ser promovidos a professores de música, profissão que vai se tornar hobby, estimulando DJ’s, MC’s e afins a se auto denominarem músicos.

Efeito que vai fazer com que músicos reconhecidos, professores com licenciatura e músicos com curso superior em música sejam equiparados a artistas de fim de semana.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Profissão: Professor de música

Nos últimos anos tenho acompanhado vários editais para professor de música em todos os níveis (municipal, federal e estadual), habilitação e o mais importante salários.

Semana passada li o seguinte edital da Prefeitura Municipal de Lebon Régis:




Será que alguma pessoa apenas com o ensino fundamental pode se auto intitular professor de música? Como uma Secretaria Municipal de Educação vai contratar um funcionário como professor se ele não possui titulação para tal finalidade?

Esse concurso é para funcionário efetivo.

Outro é um processo seletivo para a Prefeitura Municipal de Florianópolis:




Ao ler a habilitação requerida lembrei uma postagem minha http://ederw.blogspot.com.br/2012/07/um-balde-de-agua-fria.html

Remuneração:



O referido processo seletivo é para professor substituto (prostituto) e o edital é para formação de cadastro de reserva. Se o candidato aprovado for chamado ficará no mínimo 1 ano e no máximo 2, depois é feito outro concurso.

É possível fazer um trabalho sério sem continuidade?

O último concurso público que eu fiz foi no começo desse ano, precisamente 7 de janeiro e foi para uma prefeitura de uma cidade no Rio Grande do Sul.



O salário e a carga horária para mim eram interessantes, o que me preocupava era o cadastro de reserva. Passei em segundo, conheço o primeiro colocado que até hoje não foi chamado.

Esse mês saiu um edital para concurso público para professor efetivo na Universidade Federal do Ceará:




Professor de Percussão e Etnomusicologia é possível, agora Antropologia e Sociologia é um pouco de mais né? O pessoal de lá quer um professor 4 em 1? 4 professores pelo salário de 1?




Destaco a complexidade dos concursos públicos federais, com prova teórica, prática e de títulos e a seriedade com que as mesmas são realizadas. Claro que nesse caso todo o concurso com prova prática é subjetivo.

A postagem é para mostrar a discrepância que há entre salários oferecidos por prefeituras e governo federal e também entre a titulação exigida. Há vagas para “professores” com apenas o ensino fundamental completo como vaga para superprofessores 4 em 1.

E pensar que qualquer salário de político é superior a de um professor auxiliar de nível universitário. Sem falar que dificilmente um político trabalha 40 horas por semana.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Relembrar é viver...


Prestei concurso público para a Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul no começo de 2008.




Havia uns cargos meio estranhos, tanto que ocorreu até retificação ao edital...




Os cargos de Educador Social provavelmente estão vinculados a Secretaria da Assistência Social, mas esses cargos de Instrutores artísticos estão vinculados a qual secretaria? Educação? Fundação Cultural? Também na Assistência Social?


Salários:




Além da prova escrita, que tinha até redação, havia a prova de títulos e a tal prova de experiência profissional.





Dúvidas consultem o link com toda a documentação virtual http://www.acafe.org.br/new/index.php?endereco=concursos/jaragua_08_1/inscricao/index.php

Prestei o concurso para o cargo Educador Social (Música), pois me encaixava na habilitação exigida para o cargo.

Fiz todas as provas e obtive o seguinte desempenho:



Depois da prova de títulos e experiência profissional ficou assim:


Interessante foi alguns dias depois ouvir reclamações de pessoas que prestaram concurso para motorista informarem que candidatos que tiveram 3 pontos adicionados a nota das provas escrita, títulos e prática, tiveram o tempo de serviço como pedreiro computados para a prova de experiência profissional.

Gente que trabalhava como caixa de supermercado e teve o tempo de registro em carteira computado para a prova de experiência para o cargo de assistente social.

Quem não tinha o tempo de serviço registrado em carteira podia simplesmente imprimir um modelo fornecido pela própria Acafe e colocar o tempo que quisesse. Quem não acredita clica no link:


Sem a prova de experiência profissional eu teria ficado em primeiro, com a prova caí para quarto. Claro que nunca fui chamado.

Entrei com processo questionando a minha pontuação da prova de experiência profissional já que tinha registro de 10 meses em carteira de trabalho, sendo cada mês equivalente a um décimo (0,1). O tempo somado dava 1 ponto, e não 0,9. 

Questionei também essa prova de experiência profissional. O juiz sentenciou que eu não tinha direito de questionar a prova de experiência profissional.

É legal ver pessoas que passaram para esses cargos andando normalmente pela cidade durante o horário de expediente, ou fazendo bicos em Conselhos Municipais e até no Protocolo da PMJS.

Quem quiser rir um pouco acesse a lista final do concurso e entenda como o Moacir conseguiu os seus 9.894 votos. Agora entendo porque nessa eleição vi pessoas com o adesivo 22 no carro ou no peito.

As conhecidas viúvas do Bertoldi.

Houve alguns candidatos que ficaram bem classificados e foram chamados, só que estranhamente reprovaram no exame admissional. Exames de audiometria, desvios de coluna foram argumentos suficientes para a PMJS não contratar o candidato aprovado.

Cargos que tinham 6 vagas tiveram candidatos na décima sexta colocação chamados e contratados.

Imagina passar para o cargo de Educador Social e depois ir trabalhar no Protocolo. Tudo a ver! Depois me perguntam por que eu anulo o meu voto.

A minha ideia do cargo era trabalhar na banda municipal, só que para a PMJS e Fundação Cultural parece ser mais interessante contratar alguém a parte, como mostrado nessa postagem http://ederw.blogspot.com.br/2012/03/projetos-de-incentivo-musica-e-cultura.html

A ACAFE nunca mais realizou concursos públicos aqui em Jaraguá e o último que ocorreu na área de educação foi no final do ano passado organizado pelo SOCIESC.

A prova de experiência profissional foi descartada.

Obs.: Em outra postagem vou comentar o processo (mandado de segurança).

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Eleições 2012 – Números finais


O resultado das eleições 2012 em Jaraguá teve um final interessante, até certo ponto irônico.

Ficou a prova que santinho, carreata, bandeira, placa, camisa, adesivo, aperto de mão, tapinha nas costas, cordialidade, amizades de última hora, ônibus com equipe de campanha, boca de urna, fotos com museus e “cagalhões” da política e etc. não garantem votos.

O triste é ver a cidade suja, toneladas de papel jogado nas ruas e trabalho para pessoas que na sua maioria nada tem a ver com partidos políticos.

Gostaria que nas próximas eleições toda a propaganda política fosse retirada já na quinta-feira que antecede o domingo, dia da eleição. É nojento andar pela cidade e ter de continuar vendo foto de gente que não fez 500 votos e ficou amuadinho.

Provavelmente a forma de protestar desses infelizes vai ser a de deixar por alguns meses essas fotos e frases ridículas apodrecendo pela cidade.

Quero deixar o meu abraço para as viúvas do Moacir, que me surpreendeu. Quando ouvi a apuração da primeira urna na qual ele recebeu 27 votos as risadas foram inevitáveis. Lembrei a carreata dos mil carros mencionado nos comentários do site do Peron.

Acho que eram os votos dos 27 carros que eu vi na mesma carreata.

Aproveitar também para deixar os pêsames aos viúvos da Cecília e família, que ficaram até a madrugada de hoje para retirarem todo o material que sobrou da campanha dos seus comitês certamente para não pagar o aluguel desse mês.

Já aos vitoriosos parabéns! Na minha visão foi feita uma coligação para ganhar eleição, o primeiro objetivo foi alcançado. Os próximos dois anos vão definir se foi feita uma coligação para governar. A minha preocupação é que é muita gente, muito candidato a vereador que não foi eleito e que não vai querer sair no prejuízo.

Não sou de fazer previsões, mas vou me arriscar. Os dois primeiros anos vão ser para acomodar essa galera. Rachas vão acontecer, toda festa boa sempre tem uma briga. Depois o foco vai ser a reeleição do Chiodini e por último a reeleição do Dieter.

Quanto a câmara de vereadores para alguns eleitos vale a máxima: “O crime compensa”.  Acho que vai ser mais um mandato que não saberemos exatamente quem vai ser oposição ou situação.

Como o Dieter ganhou disparado vai ter muito vereador fazendo média para tentar ter o seu apoio numa candidatura para deputado estadual ou federal.

Quero destacar também a quantidade de votos nulos, brancos, e abstenções que somados chegaram quase a 20%. Eu anulei o meu voto e não lavei as minhas mãos, nessa eleição um voto a mais ou a menos não fez diferença para nenhum candidato. Inclusive a vereador.

Podem ficar tranquilos que não vou procurar o Dieter para choramingar um cargo na Fundação Cultural ou na Secretaria de Educação, me sinto mais útil com os meus projetos, sejam de recitais ou educativos, onde eu tenho que realizar um trabalho dentro de um tempo planejado e apresentar resultados.

Com essa postagem encerro o ciclo eleitoral e vou voltar ao foco do blog que é política cultural. Até o final do ano ou início do ano que vem vou dar algumas sugestões para a política cultural municipal para os próximos 4 anos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A “votocracia”.


Sempre em ano de eleições é imposta a ideia que o ato de votar é o exercício pleno da democracia e da cidadania.

Ser obrigado a votar é democrático? Se eu deixar de votar não sou mais cidadão?

O voto sempre foi uma maneira de perpetuar um grupo de pessoas, escondidas sob a alcunha de partido político, para usufruírem das benesses do poder durante um determinado período de tempo.

Nesse período de tempo ampliam a rede de contatos oportunistas e a regra da troca de favores. Tanto que dificilmente encontramos ex-prefeitos, ex-deputados ou ex-senadores pobres ou com algum filho desempregado.

O último ex-presidente está pensando em comprar o SBT...

Que democracia é essa que ignora o voto em branco e nulo? Quer dizer então que o meu voto só é válido se eu votar em algum candidato? A única maneira de protestar é elegendo pessoas analfabetas, na maioria dos casos analfabetos funcionais, que serão durante todo o mandato manipulados por assessores e cupinchas do partido do qual se filiaram?

Se houver 30 ou 40% de votos nulos no processo eleitoral para o governo e o TSE isso não representa nada? Vão pensar que os eleitores não sabiam os números dos candidatos ou não sabiam utilizar a urna eletrônica?

Em verdade eles não estão nem aí. A lei eleitoral garante que qualquer candidato com maioria de votos ou com apenas um voto, dependendo da quantidade de eleitores, seja eleito. Portanto, sempre vai haver compra de voto, pois se 95% da população anular o voto vai ter candidato se elegendo com uma dúzia de votos.

Algo bem democrático.

Ah... mas anular o voto não contribui em nada, só prejudica. Tudo bem, aceito esse tipo de argumento, só que quem vota em candidato corrupto ou incompetente está sendo cúmplice de todo o processo.

Tem gente que tem esperança que candidatos corruptos ou analfabetos um dia deixarão de ser. Tornar-se-ão honestos ou profundos conhecedores das leis que regem esse país. A única certeza que tenho é que se eles agora são os candidatos errados, que não merecem o meu voto, no futuro também serão.

Sou pessimista? Não! Sou realista, infelizmente. O otimismo que o governo passa nessas propagandas pré-eleitorais dizendo que nós decidimos o nosso futuro através do voto é uma das maneiras de jogar uma cortina de fumaça na realidade (um partido que foi eleito pelo povo e pior, reeleito, comandou o maior esquema de corrupção da história do país, o mensalão).

Às vezes me pego olhando fotos de propaganda política, principalmente as de comícios e das tais caminhadas da vitória. Olho porque encontro muitos conhecidos e ex-colegas de escola.

Pessoal que a disciplina favorita era a educação física, quando tinha futebol é claro, pois quando era outro esporte faltavam. Gente que o maior esforço na vida foi terminar o segundo grau. Quando conseguiram terminar em alguma escola que os aceitassem.

Os conhecidos papagaios de pirata na esperança da vitória do candidato para conseguirem um “troco massa” por algum tempo durante o mandato. Na prestação de contas de uma Schützenfest teve um até que “calçou” uma nota de 500 reais para 5 mil e simplesmente não deu em nada.

E tem gente que ainda se conforma com aquele papo de que o crime não compensa. Não me venham com inferno, juízo final ou que aqui se faz aqui se paga, porque eu simplesmente não consigo acreditar em nada que seja metafísico. Só nos fatos! Sou um não-teísta convicto!

O que dizer do coeficiente eleitoral, o número que quase ninguém sabe explicar, que muda em todas as eleições e simplesmente não garante que o candidato mais votado seja eleito. Belo exemplo de democracia.

Quando o Tiririca foi eleito deputado federal mais dois candidatos do PR (partido do Tiririca) com votações pífias foram eleitos graças ao coeficiente eleitoral.

E o voto limpo? Como votar limpo se a maioria dos candidatos são fichas sujas?

Gostaria de compartilhar a opinião de Ives Gandra Martins:

“Sou parlamentarista desde os bancos acadêmicos, e sempre vi no parlamentarismo um sistema de "responsabilidade a prazo incerto": eleito um irresponsável para a chefia do governo, ele pode ser afastado, sem traumas, tirando-lhe o Parlamento o voto de confiança.

Já o presidencialismo é um regime de "irresponsabilidade a prazo certo", pois, eleito um irresponsável, ele só pode ser afastado pelo traumático processo de impeachment”.

Para mim eleições era a oportunidade certa para os eleitores escolherem como prioridade as áreas para receberem foco nos próximos 4 anos. Eleger prioridades e não candidatos.

Saúde pública, segurança, esporte, cultura, mobilidade urbana, agricultura e por aí vai. Saber da população qual dessas áreas merece atenção e não qual família vai ficar mais 4 anos brincando com dinheiro público e arranjando cargos para toda a coligação.

Depois disso seria escolhido uma equipe de profissionais capaz de planejar e realizar o que foi decidido. Engenheiros, administradores, advogados, empresários, profissionais selecionados pelo currículo e pela experiência na área. Algo comum em qualquer empresa séria.

E como todo o projeto tem começo e fim, ao final esses profissionais estariam novamente a disposição no mercado de trabalho como acontece nos verdadeiros projetos. E não fazendo campanha para continuarem procurando serviço em alguma secretaria municipal.

Sem a necessidade de eleger médicos, corretores imobiliários, psicólogas recalcadas ou bacharéis em direito formados em curso a distância.

Em política basicamente existem dois tipos de coligações: as feitas para vencerem eleições e as feitas para governar. A segunda está em extinção. Só um lembrete: os últimos vice-prefeitos da cidade assumiram e alguns meses depois deram um jeito de deixar o cargo e continuarem recebendo o salário. Será que existe exemplo mais claro do que esse de coligação feita para vencer eleições?

E o candidato a vereador que foi eleito na eleição passada e optou por assumir uma autarquia? Porque agora ele quer ser vereador? Pior que tem gente que vai votar nele novamente.

É esse tipo de coisa que a “votocracia” permite, um descompromisso total com a administração pública eleita pelo próprio povo, que está mais preocupado com o final da “Carminha” do que com o que vai comer amanhã ...

A ignorância democrática tem um passado fantástico e um futuro deslumbrante!