Há quatros anos durante
a campanha eleitoral a então candidata Cecília Konell participou apenas de um
debate, justamente o que tratou de cultura.
Para muitas pessoas, e
até políticos, principalmente os de baixo escalão (aqueles que ocupam cargos
apenas por terem sido cabos eleitorais), cultura é o que todo homem educado,
cultivado, deve saber. Tipo aquela coisa: Meu Deus! Você ainda não leu o livro tal?
Nem assistiu o filme tal? O concerto da orquestra “Y” estava maravilhoso...
Poderia colocar várias
definições de cultura, segundo antropólogos, sociólogos, filósofos e tornar
essa postagem extensa, mas vou adotar uma definição mais simples e objetiva: cultura
é o conjunto de
realizações, instituições e hábitos sociais de um grupo de seres humanos.
Não podemos ignorar a
cultura de outro país, estado ou cidade, só não podemos cair no erro de querer
imitá-la, ou pior, copiá-la.
No nordeste é comum
quadrilhas de São João ensaiarem o ano inteiro. Lá existem associações de
“quadrilheiros”, pessoas que vivem dessa tradição. Para o nordeste isso faz
parte da cultura local. É hábito comemorarem o São João por quase 2 meses.
Será que em Jaraguá do
Sul isso “rolaria”? Claro que não! Aqui São João só é lembrado como uma forma
de arrecadar dinheiro, nada mais. O interessante é que nessas festas de São
João nordestinas não se vê na programação bandas de rock, pagode, axé ou alguma
dupla sertaneja. É só forró, e tocado por grupos locais.
Estou citando esse
exemplo, porque no dia 16 de junho, ocorreu o 2° Encontro de Mestre-sala e
Porta-bandeira (os dois termos com hífen). Evento carnavalesco, que nada tem a
ver com a nossa cultura local e nem com o estado de Santa Catarina. Tipo o que
acontece com as festas de São João, a data é lembrada, nada mais.
Pela divulgação parece
que a produção do evento foi de última hora. O primeiro cartaz está no plural,
o segundo no singular...
Aqui ninguém vive de
carnaval ou de festas de São João, já no Rio de Janeiro e no Nordeste é outra
situação. Em Jaraguá do Sul terça-feira de carnaval é um dia como qualquer
outro.
É interessante saber
que esse encontro foi promovido pela Prefeitura, ao menos esse é um dos
argumentos utilizados pela mesma para justificar o repasse em ano eleitoral.
AN Jaraguá de 27 de junho de 2012.
A maneira como a Prefeitura
trata o assunto é como se não tivesse ocorrido nenhum repasse para a realização
do referido evento, mas não é o que demonstram os relatórios de empenhos
disponíveis no portal da transparência.
Esses dois links contêm
algumas das despesas do evento:
Lembro de uma
entrevista do Presidente da Fundação Cultural, antes do carnaval de 2009. Na
ocasião ele disse que um dos objetivos da sua gestão era tornar o carnaval de
Jaraguá do Sul referência no estado.
Fica a pergunta: Pra
quê? Será que Jaraguá do Sul precisa disso?
Lembrar a data, tudo
bem, agora começar a criar eventos fora de época e ainda em ano eleitoral é
semelhante a criar um novo feriado. Uns descansam outros trabalham, e a verdade
é que economicamente falando só atrapalha.
Porque em vez de
perderem tempo tentando impor o carnaval aqui em Jaraguá, a Fundação Cultural
não começa a pensar na Schützenfest desse ano? Desde 2009 a festa só está
piorando, e tendo prejuízos.
Festa alemã com Zé
Ramalho, dupla sertaneja é o mesmo que carnaval com heavy metal. Isso foi feito
com a intenção de atrair público, tudo bem, então como que a Oktoberfest, em
Blumenau, praticamente lota a PROEB apenas com apresentação de bandas que tocam
músicas alemãs?
Alguns anos atrás funcionários
da prefeitura foram à Alemanha para contratar as bandas da Schützenfest. Gente
sem conhecimento musical querendo falar de música.
A prefeita que tanto
entende de cultura não vê isso?
Acho que ela prefere
trocar as festas de rei das sociedades de tiro por festas de rei momo e rainha
do carnaval. Ou então encontros de mestre sala e porta bandeira.
Vamos importar a
cultura de outros estados e acabar com a cultura local, ao menos essa parece ser
a proposta da política cultural da atual administração.
Não que os mandatos
anteriores tenham sido melhores ou piores nesse quesito, mas na minha humilde
opinião, o Fundo Municipal de Cultura (FMC), ainda que mal gerido, está
amenizando esse terror cultural pelo qual a cidade passa.
O pior é que tentaram
acabar com o FMC alegando que a Fundação Cultural estava dando conta do recado.