terça-feira, 19 de março de 2013

Juventus e suas crises eternas.



Com o vice-campeonato da segunda divisão catarinense e o compromisso assumido pela atual diretoria de manter a base do time que conseguiu o acesso para a série A, a torcida do tricolor jaraguaense criou expectativas para o Campeonato Catarinense Chevrolet 2013.

Ainda no primeiro turno, quando a equipe se preparava para o confronto contra o algoz da segundona, o Guarani de Palhoça, já corriam notícias de que o departamento financeiro do clube não estava nada bem. Apesar das parcerias fechadas com a Kaiapós Têxtil, Dixxye Personalizados, Tronic Calçados, O Correio do Povo, Metalnox, e a Casas da água.

Uma “vaquinha” para pagar o hotel ou o ônibus foi feita para o time jogar naquele final de semana. O presidente Jerri Luft ligou para a Rádio Jaraguá AM para pedir o apoio da torcida e dos empresários locais para patrocinarem o time, já quase no final do primeiro turno.

O Juve foi lá e ganhou por 1x0.

Da minha parte esperava que alguma das grandes empresas de Jaraguá do Sul fosse bancar a ideia. Domingo (17.03) essa esperança morreu.

Vários atletas abandonaram o clube. Imagina trabalhar numa empresa por quase 4 meses, com contrato assinado, e não receber nada? Quem continuaria? E por 7 meses então?

O técnico Pingo (Luís Roberto Magalhães), ao saber que o técnico do Sport Clube Jaraguá assumiria o Grêmio Esportivo Juventus, também saiu. Acho que todo o potencial econômico que a cidade de Jaraguá do Sul tem, ou aparenta ter, foi o que iludiu o ex-jogador do Botafogo, Flamengo, Grêmio, Cruzeiro e Corínthians, a continuar treinando a equipe.

Depois que o time foi desfeito e a comissão técnica perdida, apareceram os “amigos” do Juventus. Pagaram 10 mil reais para os jogadores que estavam no jogo do último domingo e ofereceram mais 10 mil como “bicho” em caso de vitória.

Interessante foi o papo desses “amigos” do Juventus que tinham interesse em assumir a presidência do clube. A atual diretoria teria de renunciar para que esses “amigos” assumissem.

Agora começo os questionamentos:

Onde estavam esses “amigos” do Juventus no início do ano passado, quando não se ouvia mais falar do Juventus e o estádio João Marcatto estava completamente abandonado, cheio de mato e com as contas de água, luz e telefone atrasadas?

Quando houve eleições para escolha da nova diretoria, porque esse pessoal que tinha interesse em assumir o clube não se candidatou? O Jerri Luft foi lá, colocou a cara pra bater e atingiu os objetivos. Com um monte de pendências montou um time que subiu para a série A. Além de adequar o estádio para poder participar do Campeonato 2013.

Lembro algumas entrevistas que ele deu dizendo que o Juventus não tinha mais dívidas, que agora era só pensar pra frente, mas quase 4 milhões em ações trabalhistas não desaparecem da noite para o dia.

Um dos terrenos em que se encontra a maior arquibancada descoberta do estádio João Marcatto foi a leilão no final do ano passado se não me falha a memória.

Esse é o legado maldito de pessoas que passaram pela diretoria do Juventus na década de 90 apenas para estragar o futebol jaraguaense. Os conselheiros dessa época também têm culpa, deixaram acontecer e depois simplesmente abandonaram o cargo com aquela velha história do eu não sabia.

Parece que esses “amigos” estavam torcendo para não dar certo. No pior momento aparecem oferecendo ajuda, mas com várias condições. Ontem a tarde foi informado que eles desistiram de assumir o clube. O técnico Pingo disse que não volta mais pra Jaraguá do Sul antes de acertar os 7 meses que o clube lhe deve. 

Esse seria o motivo dos “amigos” do Juventus desistirem.

Porque eles não fizeram essa proposta semana passada?

Será que eles iriam ficar enciumados caso patrocinassem o time e o presidente Jerri Luft entrasse para a história como o presidente que levou o clube para a série D do Campeonato Brasileiro e quem sabe a chance de disputar uma Copa do Brasil?

Comentaram que várias empresas não patrocinaram porque no projeto não constava um departamento de marketing. Custava alguns desses “amigos” falar isso para o presidente? Ou um deles oferecer o serviço por um preço camarada, já que um desses “amigos” é dono de uma empresa de publicidade.

Temos uma tradicional fábrica de bonés na cidade e não temos mais bonés do Juventus.

E os vereadores eleitos que iam aos jogos pedir votos? Os políticos em geral, cadê?

Não votei em ninguém, não me iludi com essa promessa de ajuda ao Juventus em troca de votos. Pelo conhecimento que tenho de política cultural muita coisa se aplica aos esportes também, e verba pública para entidades com documentação irregular é quase impossível. Claro que existem os jeitinhos, mas não do jeito que foi anunciado.

Jaraguá do Sul é uma cidade que consome cerca de 500 mil comprimidos de antidepressivos por mês. A criminalidade aumenta todos os anos. O desemprego também. Não temos um parque público para caminhadas e atividades físicas.

Para quem não curte baladas e bebidas qual vai ser a diversão do final de semana?

Dizem que a pista de atletismo da nossa cidade está pronta, mas não está. Para mim aquilo lá ainda é um esboço. Não tem nem luz elétrica. Nunca foi usada e vai ser reformada.

Nos quiosques da Malwee num sábado a noite houve brigas. Acredito que logo logo esse espaço vai ficar restrito a funcionários ou somente em período diurno.

Enfim, o Juventus é uma distração para o final de semana, às vezes para o meio de semana. Gosto de ir lá para rir, gritar, ouvir bobagens e torcer. Ultimamente o número de famílias e mulheres estava aumentando a cada jogo. Esse ano já teve público superior a 4 mil pagantes.

Mas, para as empresas da cidade isso não parece ser muito interessante. É melhor estimular as pessoas a ficar em casa no final de semana cultivando o seu stress e assistindo televisão.

Vou dar duas sugestões para resolver esse inconveniente do Grêmio Esportivo Juventus, claro que para a próxima competição, porque do jeito que está se não cair para a segunda divisão novamente teremos o que comemorar esse ano:

1-Fazer um projeto procurando por 20 a 25 empresas da cidade que demonstrem interesse em adotar um atleta para a temporada.

Acredito que dessa maneira não vai sobrecarregar nenhuma empresa. Claro que dificilmente vai aparecer uma camisa de time de futebol com o nome de 20 empresas ou mais, aí vira classificados de jornal. Essa parte do marketing fica para o futuro departamento de marketing do clube, que hoje em dia é tão importante quanto os jogadores.

Diretoria, por favor tirem aquele bandeirão podre atrás do gol e coloquem um painel com os patrocinadores, quem sabe um placar eletrônico com painel de mídia externa. Comprar é caro, então como os compromissos oficiais do Juventus duram apenas alguns meses, aluguem.

2- Montar um time na base do Crowdfundigmais conhecido como Financiamento coletivo ou Financiamento colaborativo, é a obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo através da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas físicas interessadas na iniciativa.

O termo é muitas vezes usado para descrever especificamente ações na Internet com o objetivo de arrecadar dinheiro para artistas, jornalismo cidadão, pequenos negócios e start-ups, campanhas políticas, iniciativas de software livre, filantropia e ajuda a regiões atingidas por desastres, entre outros.

Já imaginou se a ideia pega? Conseguir montar um supertime jogando com a camisa sem patrocinador?

Nem os grandes clubes do Brasil conseguem mais fazer isso.

Pode ter o planejamento que quiser, para 1 ou 10 anos, mas sempre haverá a necessidade de dinheiro e muito dinheiro. Duvido que alguma empresa vai bancar projeto para formar jogadores. Interessante mesmo é aparecer na televisão e de preferência no uniforme do time campeão.

O que seria da vida sem os sonhos.

3 comentários:

  1. Belo artigo. Concordo com vc.

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  2. Por que esses 'amigos' do juventus não vieram antes?
    Sera porque eles querem montar um projeto de gestão ??Ou uma caixinha de esmolas para arrecadar dinheiro para um campeonato!?
    Bom, tenho que parabenizar todo esforço de Jerry, mas ele que conseguiu reerguer o juventus também esta levando novamente para o fundo do posso. Logo será visto como vilão e não mais como herói!

    Sem mais! Grato.

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  3. As idéias sempre são lindas. O que estraga tudo são as pessoas designadas a colocá-las em prática. Lamento Eder, mas o futebol nacional (e o municipal não foge à regra) é ESTRUTURALMENTE PODRE, é e SEMPRE FOI DOMINADO por pessoas sem o menor pingo de amor ao esporte. Exemplos não faltam, existem aos montes. E se você observar QUEM SUCEDEU a um dos maiores capos da máfia futebolística no país (e que ainda deve manter alguma parcela de poder) na CBF - o notório "ladrão de medalhas", verá que não estamos mentindo. Até a Presidente Dilma NÃO QUER SABER DE REUNIÃO OU FOTO com o atual dirigente dessa entidade, SABEDORA QUE É DAS PILANTRAGENS QUE COMEM SOLTAS nessa entidade e em todas as demais que nada mais são do que agências locais dessa mega entidade supra-nacional que manda no futebol. E o povo malandramente, assite a tudo isso, SABENDO QUE ROLA SEM-VERGONHICES DE TODO TIPO, mas como todo marido traído, FINGE NÃO SABER, e mais, se indigna QUANDO ALGUÉM DENUNCIA. É a famosa LEI DE GERSON - que aliás nasceu no futebol E CONTINUA MAIS VIGORANTE DO QUE NUNCA, pro azar de quem gosta desse imenso circo, onde os palhaços estão na arquibancada, e outros ainda, patrocinando.

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