Semana
passada foi divulgado a relação dos projetos contemplados pelo Edital 03/2012
do Fundo Municipal de Cultura.
Segue
o link para download da lista dos projetos deferidos e indeferidos:
Mais
uma vez, o que para mim já se tornou de praxe, meus dois projetos foram
indeferidos. Desde que comecei a questionar o Conselho Municipal de Cultura, a
partir de setembro do ano de 2011, não tive mais nenhum projeto aprovado.
Isso
que vivemos numa democracia. Só foi eu querer saber os porquês de determinadas
resoluções, que as pessoas respondem das maneiras mais óbvias possíveis. Os
últimos editais lançados e projetos aprovados comprovam isso.
Infelizmente
para a maioria da sociedade só é inteligente pessoas que pensam da mesma maneira.
São
as pessoas que falam em liberdade, diversidade, pluralismo de ideias e tantas
outras expressões modinhas de pseudointelectuais de mesa de bar, que viram a
cara para você quando questionadas a respeito de algo que elas nem sabem que
fizeram errado. E também não fazem o mínimo esforço para aprender o correto.
Um
dos projetos que eu encaminhei para o Edital 03/2012 se chamava Ver,
Ouvir e Tocar. Segue algumas informações a respeito:
Objetivos:
Apresentar instrumentos musicais
que compõem a família da percussão em escolas da rede municipal de ensino de
Jaraguá do Sul.
Justificativa:
A
maioria das escolas municipais de Jaraguá do Sul não possui instrumentos
musicais, consequentemente a maioria dos alunos não tem oportunidade de ver,
ouvir e tocar algum instrumento musical.
Descrição:
Realizar 10 apresentações em 10 escolas da
rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul.
Cada apresentação terá duração máxima de 45
minutos.
Durante a apresentação vários instrumentos
musicais de percussão serão apresentados aos estudantes e depois tocados para
que os sons produzidos pelos instrumentos sejam conhecidos pelos ouvintes.
Não será apresentada obra ou peça musical
durante o evento, apenas os instrumentos e seus sons característicos.
A
minha esperança era que com apenas essas informações o meu projeto fosse
compreendido, mas não foi o que aconteceu.
Encaminhei
um e-mail pedindo o motivo do indeferimento dos meus dois projetos. O Edital
tem um prazo de dois dias úteis a partir da data de divulgação da resolução
para interpor recurso.
A
resolução saiu na quarta-feira, 17 de abril, teria até sexta-feira 19 de abril para
tentar reverter alguma coisa. Caso ocorresse na semana anterior eu não teria
condições de elaborar um recurso porque fui um dos afetados pela atualização do
Windows 7 que estragou computadores por todo o Brasil.
Se
algum proponente que teve projeto indeferido viajou na semana passada,
simplesmente não pôde entrar com recurso. A primeira notícia da divulgação da
resolução saiu na segunda-feira, 15 de abril. A resolução na quarta-feira e o
prazo final para recurso era até sexta-feira.
O
Edital não informa um cronograma com datas, ou seja, você inscreve o projeto no
“escuro”, sem saber qual dia será divulgado o resultado.
Segue
uma cópia da carta de anuência do projeto: Ver, ouvir e tocar.
Para
eu receber essa carta relatei todo o meu projeto para a Célia Engelmann, que
também é Conselheira de Cultura, representante da Secretaria Municipal de
Educação (SEMED).
Inclusive
foi ela quem me pediu para deixar a escolha das escolas a cargo da SEMED, pois
a maioria dos projetos desse tipo foram desenvolvidos apenas em escolas do
centro de Jaraguá do Sul.
Olhem
o que diz o artigo 17 do edital 03/2012:
O
que foi que eu apresentei? Será que o envelope do projeto foi extraviado? Acho
que não, porque caso acontecesse outros documentos teriam desaparecido. Ou será
que esse documento não era o suficiente?
Não
sei quem eram as pessoas responsáveis pela avaliação técnica e documental dos
projetos. Mais uma vez! Não vi sair edital para contratação dessas pessoas e
não faço a mínima ideia de quem foram. O Conselho Municipal de Cultura possui
20 conselheiros, será que nenhum deles entendeu ou leu esse documento?
Esse
motivo de que eu não apresentei carta de anuência eu não aceito!
O
segundo motivo: em algum lugar do texto apresentado no meu projeto aparece a
palavra oficina? Vou copiar novamente os dois últimos parágrafos:
Durante a apresentação vários instrumentos
musicais de percussão serão apresentados aos estudantes e depois tocados para
que os sons produzidos pelos instrumentos sejam conhecidos pelos ouvintes.
Não será apresentada obra ou peça musical
durante o evento, apenas os instrumentos e seus sons característicos.
Para
eu falar algumas palavras sobre um instrumento musical eu preciso fazer um
plano pedagógico? Tem a palavra aula em algum lugar do projeto? Oficina?
Palestra? Há a necessidade de eu criar um repertório com músicas de 5 compassos
ou menos? Aí já é um outro projeto.
Vejo
isso como uma demonstração clara de que o projeto não foi lido. Se foi, as
pessoas que o fizeram têm graves problemas de interpretação de texto. Exemplo
clássico de analfabetismo funcional, algo bastante comentado aqui no blog.
Com
todo esse texto já colocado no projeto, como eu vou fazer um recurso? Com
desenhos? Vou desenhar eu falando para os estudantes, depois outro desenho com
um instrumento de percussão, outro com o público...
Eles
identificaram o mérito artístico, mas não entenderam o corpo do projeto. O que
eu vou pensar dos projetos que foram deferidos?
O
outro projeto intitulado ABC da música também foi indeferido.
O motivo da minha parte já era previsto, mas demonstra o quanto o artista não é
considerado na elaboração dos editais culturais e nas leis.
Segue
o texto do projeto:
Objetivos:
Realizar um curso de
alfabetização musical para jovens a partir de 12 anos e adultos, gratuitamente.
Justificativa:
Muitos jovens e adultos têm
interesse em aprender a ler uma partitura musical, mas acabam não aprendendo
por falta de tempo e condições financeiras. A escola que será utilizada para a
realização das aulas, não possui curso de música ou atividades musicais.
Descrição:
Curso de alfabetização musical em 16 aulas
com duas turmas de no máximo 25 alunos, no período vespertino, a ser realizado
numa sala de aula da E.E.B. Roland Harold Dornbusch, localizada no bairro Barra
do Rio Molha em Jaraguá do Sul.
Cada aula terá duração máxima de 1 (uma)
hora.
Os alunos participantes receberão uma
apostila especialmente elaborada para a ocasião, com explicações dos símbolos
musicais e exercícios.
Não será cobrada taxa de inscrição nem
mensalidades.
Junto
com o projeto foi entregue uma carta de anuência da Secretaria Estadual de
Educação, assinada pela Lorita Zanotti Karsten, e uma carta de anuência da
E.E.B. Rolando Harold Dornbusch, assinada pela diretora Eunice Strebe.
Essas
cartas pelo que parece não apresentaram problemas. Nenhum documento faltou
nesse projeto.
Segue
o orçamento:
Alguns
vão dizer: 4 mil reais para dois cursos de 16 horas?
Não
foi um valor “chutado”, apenas levei em consideração uma mensalidade de um
curso de música da cidade, que no começo do ano era 80 reais por mês.
Multipliquei esse valor pelo número de alunos, duas turmas de 25 alunos, 50 no
total, daí chegamos ao número quatro mil.
Daria
5 reais/aula por aluno. 16 aulas vezes 5 reais, dá 80 reais, que seriam para 4
meses de curso, contra os 80 reais mensais cobrados em média aqui em Jaraguá.
Sem falar que o aluno receberia uma apostila por mim elaborada para acompanhar
as aulas, sem precisar comprar caderno de música.
Olha
que eu nem coloquei o tempo para a elaboração dessa apostila.
Esse
lance do proponente do projeto poder condicionar a sua remuneração em apenas
20%, no caso de projetos a nível municipal, é um tiro no pé. Obriga a criar 80%
de despesas para se conseguir uma remuneração condizente com o serviço
proposto. Para eu chegar na remuneração proposta o meu projeto teria de custar
20 mil reais.
Outra
opção seria pedir para alguém ser proponente do projeto e obrigá-lo a me
contratar. Só que na boa, alguém faria isso gratuitamente? Correr o risco de
ter seu nome na dívida ativa do município por causa de uma ajuda dessa?
Sem
falar que nivela artista profissional com amador, com curso superior e sem
curso superior. Esse assunto rende uma outra postagem.
Já
tinha lugar para dar aula, sem necessidade de locação de espaço, isso não foi
levado em conta? Já faz anos que tento desenvolver algum projeto remunerado na
escola Roland Dornbusch e simplesmente não acontece. Nunca é aprovado!
Quer
dizer que se o meu projeto é bem elaborado como diz o e-mail do Concultura,
então eu não mereço receber por isso? Além de colocar a ideia no papel,
formatar o projeto, criar um plano pedagógico, pesquisar preços para o
orçamento, conversar com a diretora da escola, marcar hora na SDR, para depois
ler isso?
Eu
poderia ter discriminado cada um desses valores? Sim! Mas como eu iria prestar
contas? Para mim é muito mais cômodo tirar apenas uma nota fiscal para todo o
serviço do que 4 ou 5 correndo o risco de não serem aceitas pela controladoria
do município ou como aconteceu anteriormente, da prefeitura não emitir esse
tipo de nota para mim.
E
depois ter de devolver o dinheiro do serviço ou de todo o projeto.
Tá
aí, mais um projeto sem promoção pessoal indeferido, e 50 moradores de Jaraguá
do Sul que deixarão de fazer um curso subsidiado pelo poder público.
O
recurso do projeto: Ver, ouvir e tocar foi protocolado na sexta-feira passada,
dia 19/04.
Tenho mais considerações a respeito desse
edital, mas ficarão para uma próxima postagem.
Se mais proponentes tiveram problemas com seus projetos, compartilhe nos comentários logo abaixo.